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sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Racionamento de água em São Paulo 'não é culpa de São Pedro', diz ONU

"O culpado parece ser sempre São Pedro", ironizou em declarações ao jornal O Estado de S. Paulo.
— Concordo que a seca pode ser importante. Mas o racionamento de água precisa ser previsto e os investimentos necessários precisam ser feitos. A responsabilidade é do Estado, que precisa garantir investimentos em momentos de abundância.



Segundo ela, o racionamento de fato pode ser necessário em algumas situações.
— Mas apenas como última opção e depois que as demais opções tenham sido esgotadas.
Para a relatora da ONU, não faz sentido a Sabesp ter suas ações comercializadas na Bolsa de Nova York e na Bolsa de Valores de São Paulo, enquanto a cidade convive com problemas.
— Antes de repartir lucros, a empresa precisa investir para garantir que todos tenham acesso à água.
"O número de pessoas vivendo sem acesso à água e saneamento às sombras de uma sociedade que se desenvolve rapidamente ainda é enorme", declarou a relatora em seu discurso na ONU, na tarde desta terça-feira (9) em Genebra.
Segundo seu informe, um abastecimento de água regular e de qualidade ainda é uma realidade distante para 77 milhões de brasileiros, uma população equivalente a todos os habitantes da Alemanha.
A ONU ainda aponta que 60% da população — 114 milhões de pessoas — "não tem uma solução sanitária apropriada". Os dados ainda revelam que 8 milhões de brasileiros ainda precisam fazer suas necessidades ao ar livre todos os dias.
O Estadão revelou em junho de 2013 que a representante das Nações Unidas teve sua primeira inspeção para realizar o levantamento vetada pelo governo. A visita estava programada para ocorrer em julho do ano passado. "O governo apenas explicou que, por motivos imprevistos, a missão não poderia mais ocorrer", declarou à época Catarina de Albuquerque.
Internamente, a ONU considerou que o veto tinha uma relação direta com os protestos que, em 2013, marcaram as cidades brasileiras. A viagem só aconteceria em dezembro de 2013, o que impediria que o informe produzido fosse apresentado aos demais governos da ONU e à sociedade civil antes da Copa do Mundo.
Agora, o raio X reflete uma crise que vive o País no que se refere ao acesso a água e saneamento. "Milhões de pessoas continuam vivendo em ambientes insalubres, sem acesso à água e ao saneamento", indicou o informe, apontando que o maior problema estaria nas favelas e nas zonas rurais.

Resposta
O governo brasileiro indicou que o acesso à água e ao saneamento é "uma prioridade", que a população mais pobre recebe uma atenção especial e que o governo tem "aumentado de forma significativa os investimentos em saneamento ao transferir recursos para Estados e municípios".
"Houve um aumento nos orçamentos de fundos especiais para promover investimentos em infraestrutura de água e saneamento", indicou a embaixadora do Brasil na ONU, Regina Dunlop.
"Temos um compromisso com a eliminação de desigualdades, dando prioridades para os mais vulneráveis", insistiu a diplomata, indicando que as populações das favelas não são esquecidas.
Entre as medidas, a diplomata aponta investimentos de R$ 21,5 bilhões pelo governo em moradia, acesso à água, serviços de esgoto e revitalização urbana.
O governo também sugere que a relatora fizesse uma viagem mais ampla ao Brasil e alerta para a dimensão do território nacional.

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